segunda-feira, 25 de março de 2013

NA DOR, O ENCONTRO...


Bom dia!

Chegamos à semana mais especial do calendário cristão, quando vivemos novamente o mistério do amor de Deus, que entregou seu Filho Único para nossa salvação. Tempo de misericórdia, de graça, de perdão, de assumir os ressentimentos e mexer nas mágoas. É um tempo propício à oração, ao jejum e à abstinência, numa tentativa de treinar o corpo aos anseios da alma, que busca a Deus em cada segundo.

Nós somos feitos para o amor e, por isso, para o encontro. O amor é a abstração do encontro. Encontrar-se é tornar o amor prático, que cura, que salva, que realiza. O amor é o dom mais precioso de Deus, porque é o próprio Deus a derramar sua essência no coração de cada homem e de cada mulher. É a salvação que chega a nós, e nos atinge, como uma flecha inflamada da caridade divina.


Os passos da paixão de Jesus nos levam a um profundo encontro com Ele. Quem não hesita caminhar na dor pode encontrar a eterna alegria; quem não tem medo do sofrimento, rejubila-se com as delícias do céu. A rosa tem, em seu caule, muitos espinhos. Eles a protegem e não é possível pensar uma roseira sem espinhos. A grosseria e ameaça de ferimento que eles conferem não tira em nada a beleza e suavidade da rosa. Cada pétala tem em sua essência um pouco dos espinhos.

O sofrimento nos traz beleza de alma e firmeza nos passos. Não é preciso desejar o sofrimento, mas quando ele chega, é preciso amá-lo. Jesus amou o sofrimento, até o fim. Amou-o por ser instrumento da nossa salvação. É o meio pelo qual o Senhor nos salva da nossa condenação, nos livra dos perigos e nos torna livres da raiz do pecado.

No sofrimento de Cristo somos atraídos pelo amor. Por isso sua Mãe foi ao seu encontro. Maria, a Mãe do Amor, correu-lhe ao encontro por amor, somente. Ela nos ensina como devemos correr ao encontro do Senhor, seja no amor ou na dor. Ela o amou por inteiro, desde o dia que recebeu a mensagem do anjo de que seria Mãe do Salvador. Ela, cheia de graça, nunca mais pôde agir sem ser movida pelo amor e nos ensina também a amar o Senhor em todos os momentos da nossa vida. O amor é perene, não pode acabar.


Da cena do encontro da Mãe com o seu Filho ferido deve brotar em nós a força que gera a fé, pela qual nos aderimos ao propósito de Cristo, que é o amor incondicional a Deus e aos irmãos. Deste encontro doloroso deve surgir em nossos corações o desejo do encontro entre as pessoas, as diversas realidades que vivemos, o acolhimento do diferente e a sobriedade da vivência do evangelho. Neste dia, em que celebramos o encontro de Nosso Senhor e de Nossa Senhora, ambos imersos na dor, embora sejam dores diferentes, devemos nos lembrar daqueles pobres e abandonados, que já não tem com quem se encontrar. Muitos são os solitários do nosso tempo, que não conhecem palavras como "partilha", "amizade", "companheirismo" e "afeto". Lembremo-nos dos que já não reconhecem o valor da família, cada vez mais desunida, fragmentada e desencontrada, realidade tão facilmente percebida na nossa sociedade. Os pais já não encontram os corações de seus filhos, e as mães, já não se encontram como mestras do lar. Nossos jovens, nossos queridos jovens, muitos dos quais escolhem outros encontros, muitos deles nocivos como as drogas e a prostituição, precisam do encontro com o Cristo que cura, salva e liberta. Nosso jovens também precisam encontrar-se com Maria, que nos ensina a acolher e gerar Cristo para o mundo!

Neste ano celebraremos no Rio de Janeiro a Jornada Mundial da Juventude, um grande encontro de fé e alegria, em torno do sucessor de Pedro, o Papa Francisco. Que, a partir deste encontro doloroso de Maria com seu Filho, ambos imersos na dor, possamos fazer do nosso coração um lugar de encontro e acolhida para a juventude do nosso país, a fim de atrairmos cada vez mais jovens para o Reino de Deus, proclamado e inaugurado por Cristo.


Não deixemos de nos encontrar com Cristo nesta semana, em que vivemos intensamente o mistério da Páscoa do Senhor. Seguremos a mão de Jesus com toda a força. Ele mesmo nos conduzirá à sua gloriosa ressurreição.

Para refletir, uma canção muito conhecida, que nos ajuda na reflexão que proponho neste post.


COM TUA MÃO
Suely Façanha





Fraternalmente,


Eduardo Parreiras
Seminarista da Arquidiocese de Belo Horizonte
1° Período de Teologia - PUC Minas


domingo, 3 de março de 2013

APOSTOLICA SEDES VACANS



"Tira as sandálias dos pés, pois o lugar onde estás é uma terra santa." Ex 3,5b


Amados irmãos e irmãs em Cristo: louvado seja o nosso Senhor Jesus Cristo!


Neste terceiro domingo da Quaresma temos uma Liturgia da Palavra bastante rica, porém um pouco confusa, a princípio. Na primeira leitura, do livro do Êxodo (Ex 3,1-8a.13-15), temos a famosíssima passagem de Moisés que, ao conduzir o rebanho de Jetro, seu sogro, em direção ao Monte Horeb, teve uma belíssima revelação de Deus, por meio da visão da sarça ardente. Mesmo incendiada, a sarça não se consome e Moisés se maravilha com a beleza da visão.


História conhecida do Antigo Testamento, com um sentido bastante simples: Deus se revela e se dá a conhecer. Ele é "Aquele que é" (Ex 3.14a). Seu nome, sua personalidade, sua bondade e amor são inefáveis, de impossível descrição. É um Deus próximo, que torna santo todo aquele que o toca, mesmo que com o olhar que lhe é dirigido a certa distância. Todo aquele que se apaixona por "Eu sou" torna-se um ente repleto de vida, banhado pela eternidade.

A Igreja, terra santa e o Novo Horeb, é para nós o monte de Deus na Nova e Eterna Aliança. É na Igreja que a salvação se realiza, onde o homem pode se tornar cada vez mais humano, mais próximo de sua essência primeira, como imagem e semelhança de seu Criador. Cristo, ao reconciliar o mundo com Deus, fez do seu novo povo eleito uma nação santa, portadora do Evangelho do seu amor incondicionalmente salvífico. É na Eucaristia que a sarça do nosso coração não para de queimar, sem se extinguir. É no Coração Sagrado de Jesus que encontramos toda graça e redenção.

Este novo povo eleito, ou seja, toda a humanidade, é potencialmente a Igreja em meio ao mundo. E essa imensurável comunidade humana, repleta do amor de Deus, e também das imperfeições humanas, navega pela história em direção ao céu, que há de vir.


Estamos vivendo um tempo em que o Senhor se revela mais uma vez a nós e, com todo a força de seu amor, nos convida a tirarmos novamente as sandálias dos pés, para tocar, com nossa humanidade, o solo sagrado de sua bondade.

Neste período de Sé Vacante, em que não temos um Papa para chefiar o rebanho de Cristo, precisamos entrar em profunda oração, em comunhão com todo o Corpo Místico de Cristo, de modo especial o Sacro Colégio dos Cardeais, que elegerão, em breve, um novo Sumo Pontífice, que Cristo coroará como ponto de unidade e referência para suas ovelhas. Não me sinto órfão, nem abandonado pelo Papa Emérito, Sua Santidade Bento XVI. Sinto-me, antes, profundamente amado por este homem tão grande, tão humilde e manso. Ele aprendeu de Cristo as virtudes que considero mais sublimes para que o homem se volte com todo o coração para o Senhor: a mansidão e a humildade. Manso porque se deixou tocar pela mão de Deus, e humilde, porque seu coração se tornou húmus, terra fértil, onde a Palavra de Deus germina em graças para toda a Igreja.


A Sé de Pedro está vazia. Ainda não há quem a ocupe, mas em breve teremos um outro Pastor que nos será dado pelo próprio Cristo. O convite que o Senhor nos faz é que o amemos desde já, mesmo que não saibamos quem será. Rezemos pelo Colégio Cardinalício, responsável por abrir a Igreja à moção do Espírito Santo, que virá em nosso favor.

É preciso louvar a Deus sem cessar. Afinal, "ele é bondoso e compassivo" (Sl 102).


EU TE LOUVAREI / TE ADORAR
Walmir Alencar





Deus nos abençoe!


Eduardo Parreiras
Seminarista do 1° Ano de Teologia
Arquidiocese de Belo Horizonte